Talvez você tenha ouvido falar no rumor de que um filme biográfico sobre Jean Paul Sartre (o Ser e o Nada) estaria em produção estrelando Brad Pitt. O ator de Clube da Luta interpretaria o filósofo francês, e Eva Green (Os Sonhadores) faria o papel de Simone de Beauvoir (o Segundo Sexo), filósofa e companheira de Sartre. A “notícia” circulou na última semana, gerando revolta e risos. Sartre é reconhecidamente um dos filósofos mais feios que já existiram, seria absurdo—porém ainda talvez um pouco plausível—se ele fosse interpretado por um homem bonito como Brad Pitt. Há algum vestígio de plausibilidade nessa ideia porque se trataria de Hollywood, e todos conhecem o histórico de filmes inspirados em histórias verídicas com pessoas no elenco muito mais atraentes do que as pessoas reais que viveram aquelas histórias.
Bom, talvez você já saiba do que eu vou contar, mas eu fui autor dessa notícia falsa—sim, caso você ainda não tenha visto, é uma notícia falsa. Não há nada que indique que tal filme esteja em produção, muito menos envolvendo aqueles atores. Foi tudo uma brincadeira. Ocorreu assim: no sábado passado (18/03), eu estava mexendo com a quinta versão da inteligência artificial Mid Journey, que havia sido lançada recentemente, quando pensei que seria engraçado imaginar um filme hollywoodiano sobre Sartre e Beauvoir. Eu perguntei para Moiara, minha namorada, quem seria o ator mais implausível para interpretar Sartre, e ela, sem parar pra pensar, respondeu com o nome de Brad Pitt (a Simone/Eva Green eu imaginei por conta própria). Procurei fotos de cada uns dos atores, coloquei na IA e pedi para que a máquina imaginasse Pitt como Sartre e Green como Beauvoir. Foram geradas 4 imagens para cada comando e eu escolhi as que pareciam mais verossímeis. O processo todo durou 5 minutos. Eu coloquei o que eu pensava se tratar obviamente uma piada no meu twitter pessoal—como já havia feito diversas vezes—e segui com meu final de semana.
Quando já era domingo de tardezinha, a notícia tinha rodado o mundo, deixando um rastro de indignação (e, eu espero, gargalhadas). Hoje conta com mais de 6 milhões de visualizações. Não sei bem como aconteceu, mas chegou em pessoas com muitos seguidores, algumas até do cinema, que ampliaram o alcance do tweet original significativamente.